sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Revolta de Beckman


BUENO, Eduardo. As Revoltas Econômicas. In______. Brasil: uma história 2. ed. rev. São Paulo: Ática, 2003. p. 132.
A Revolta de Beckman. Disponível em <http://www.infoescola.com/historia/revolta-de-beckman//>.
A Revolta de Beckman. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta de_ Beckman//>.



Ana Célia Brandão Marques
Jean Lucas Oliveira
João Victor
Marissol Rocha
Rafael Linhares


Do ponto de vista histórico, social e cultural, a Revolta de Beckman foi um movimento revolucionário que aconteceu no Brasil com a finalidade de reivindicar melhorias para o povo maranhense. Nessa perspectiva, retratar a relevância da Revolta de Beckman, nos permite enquanto futuros historiadores refletirmos sobre este movimento no período regencial em que o Brasil se encontrava em meados do século XVII. Para uma melhor compreensão da temática em foco, faremos uma revisão histórica, analisando os diversos fatos que marcaram este período da história brasileira ao longo dos anos, por meio de estudos bibliográficos, assim como também enfatizaremos a relevância deste movimento para a independência do estado do maranhão.
A revolta de Beckman lideradas pelos Irmãos Manuel e Tomas Beckman, foi um movimento de Revolta que ocorreu no Maranhão em 1684. Este movimento é de origem nativista que tinha como objetivo acabar com os problemas do estado maranhense que passava por uma crise de extrema pobreza. Este movimento nativista recebeu esta denominação por causa do sobrenome Beckman, originado da Germânia que em português significa Bequimão.
                   Pouco antes da revolta de Beckman, viviam índios no estado do Maranhão, morando em aldeamentos sendo catequizados por jesuítas, os mesmos aprendiam a doutrina católica, alguns ofícios e os costumes da cultura européia. Durante as missões, os jesuítas faziam os índios trabalharem na extração de riquezas da terra denominadas de drogas do sertão (guaraná, cravo, pimenta e outras), e através das vendas destes produtos, os padres adquiriam lucros. Também em sua vida diária nos aldeamentos, os índios trabalhavam nas plantações coletivas para suprir a necessidade de suas famílias e gerar lucros para a igreja.
Como os preços dos escravos estavam em alta, os colonos decidiram capturar e escravizar os índios para utilizá-las como mão-de-obra. Os jesuítas não aceitavam essa proposta, pois seu objetivo era continuar aculturando e controlando os indígenas nas missões, pois eles com seu trabalho proporcionavam muitos benefícios para a igreja. Com isso iniciaram-se os conflitos entre colonos e jesuítas.
Para solucionar esse problema, os jesuítas conseguiram durante a União Ibérica (1580-1640), a edição de normas que proibiam o ataque e a escravização dos indígenas, livrando-os da exploração dos colonos e que continuassem sendo  explorados pelos jesuítas.
Durante o ano de 1650, a capitania do Maranhão vinha sofrendo grande crise econômica, provocada pela redução da produção açucareira, onde os senhores de engenhos sofria com os altos preços dos escravos e a competitividade dos holandeses nas Antilhas.
Buscando solucionar a situação econômica maranhense, os colonos organizaram tropas para invadir os aldeamentos e capturar índios para o trabalho escravo. Essa atitude fez com que os jesuítas recorressem a Coroa portuguesa, que interveio e acabou proibindo a escravização dos indígenas aculturados.
Para estabilizar a crise econômica do estado do Maranhão, a Coroa Portuguesa instituiu a Companhia de Comércio do Maranhão em 1682, que tinha como objetivo introduzir na região 500 escravos por ano, durante 20 anos, e fornecerem também produtos manufaturados da Europa para Maranhão e vice versa.
Não conseguindo cumprir os seus compromissos a crise econômica aumentou trazendo grande descontentamento para a região maranhense, dessa forma os comerciantes, latifundiários e os indígenas foram prejudicados pelo monopólio dessa companhia de comércio.
                   Os comerciantes locais estavam em decadência, os produtos vindo da Europa eram irregulares e seu valor tinha preço exorbitante. Os latifundiários recebiam pouco lucro em sua produção e os indígenas se tornaram ilegais nessa região.
Descontentes com essa situação, os senhores de engenhos maranhenses liderados por Manuel Beckman, organizaram um movimento para por fim a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão e a influência dos jesuítas sobre os índios, com objetivo de conseguir da Coroa Portuguesa autorização para escravizar os índios. Esses conflitos deram inicio as revoltas que foram chamadas de revolta de Beckman.
Em 24 de fevereiro de 1684, aproveitando a viagem do Governador do Estado do Maranhão Francisco de Sá de Meneses para Belém do Pará, eclodiu a revolta de Beckman liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, que com seu movimento nativista destruiu os armazéns da Companhia de Comércio, e as escolas jesuítas foram invadidas e os mesmos foram expulsos do Maranhão. Também tomaram o corpo da guarda em São Luís, prenderam oficiais e soldados, além disso, se dirigiram a residência do capitão-mor Baltasar Fernandes que recebeu voz de prisão imediata e foi exonerado do cargo, sendo vigiado por sua esposa sentenciada com a função de carcereira de seu marido.
A revolta de Beckman se consolidou em 25 de fevereiro de 1684, na Camara Municipal formada por seis membros, dentre eles os latifundiários, clero e comerciantes estipulando exigências para o fim da revolta, como a deposição do governador, do capitão-mor, a extinção de companhia de comércio, e a expulsão dos jesuítas das terras maranhense dentre outras reivindicações.
Com essa formação, os emissários da junta foram enviados para Belém do Pará, para tentar convencer o governador do Maranhão a aceitar suas propostas. Recusada, pelo governador, Tomás Beckman se dirigiu a Corte em Lisboa, para convencer as autoridades portuguesas que seu movimento era uma causa justa. O rei de Portugal não aceitou a atitude dos revoltosos e ordenou voz de prisão para Tomás Beckman, que voltou para Maranhão para ser julgado junto com os outros revoltosos do seu movimento.
A coroa portuguesa enviou um novo governante para o Maranhão, Gomes Freire de Andrade, que chegou a São Luis, em 15 de Maio de 1685, mandou enforcar Manuel Beckman e Jorge de Sampaio e outros lideres do movimento foram condenado a prisão perpetua, mudando a política da metrópole da região e extinguindo a companhia de comércio e escravização dos índios.
Manuel Beckman e Jorge Sampaio foram enforcados aproximadamente entre os dias 2 a 10 de Novembro de 1685. Manuel fez uma declaração antes de morrer dizendo: “Morro feliz pelo povo do Maranhão”.
Considerando os acontecimentos abordados nesse trabalho a respeito da Revolta de Beckman como um dos primeiros protestos armado significativo contra as regras econômicas impostas pela metrópole, concluímos que Portugal se interessava apenas com o lucro explorado pelo estado do Maranhão, criando uma companhia de comércio que só favorecia a coroa portuguesa, deixando a população maranhense numa situação de extrema pobreza, despertando assim o espírito revolucionário nos colonos, que até então não tinham intenção de agir contra o governo português, só queriam acabar com as normas da companhia de comércio já que não traziam nenhum benefício favorável para a população do Estado do Maranhão.
Nesse contexto, torna-se relevante enfatizar que assim como a coroa dá suporte para os jesuítas em suas missões, apoiando a escravidão dos indígenas a favor da igreja com o discurso de aculturá-los e introduzi-los na religião católica, estas ações não passavam de uma camuflagem no qual o único objetivo era a exploração do trabalho indígena para produzir e gerar lucros a igreja.
Dessa forma, a Revolta de Beckman deixa claro para o governo português que os colonos em manifesto eram contra a Companhia de Comércio introduzida pela Coroa, e que para defender seus interesses e sua causa, lutavam para conseguir mudanças que tirassem a população maranhense da pobreza em que viviam.
Apesar deste movimento ter sido reprimido pelo Rei de Portugal, essa revolta serviu para mostrar as injustiças e opressões que Portugal fez com o Estado do Maranhão. Nesse sentido, esse texto é recomendado a todos os brasileiros que se preocupam com o desenvolvimento do seu estado e do seu país com pretensão de defender a história como fonte de conhecimento para ser passado para todos os cidadãos, fornecendo aos mesmos, subsídios históricos para conhecerem e reconhecerem a história como memória fundamental na identidade de um povo.

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