BUENO, Eduardo. As
Revoltas Econômicas. In______. Brasil:
uma história 2. ed. rev. São Paulo: Ática, 2003. p. 132.
Ana Célia
Brandão Marques
Jean Lucas Oliveira
João Victor
Marissol Rocha
Rafael Linhares
Do
ponto de vista histórico, social
e cultural, a Revolta de Beckman foi um movimento revolucionário
que aconteceu no Brasil com a finalidade de reivindicar melhorias para o povo
maranhense. Nessa perspectiva,
retratar a relevância da Revolta de Beckman, nos permite enquanto futuros historiadores
refletirmos sobre este movimento no período regencial em que o Brasil se
encontrava em meados do século XVII. Para uma melhor compreensão da temática em
foco, faremos uma revisão histórica, analisando os
diversos fatos que marcaram este período da história
brasileira ao longo dos anos,
por meio de estudos bibliográficos, assim como também enfatizaremos a
relevância deste movimento para a independência do estado do
maranhão.
A
revolta de Beckman lideradas pelos Irmãos Manuel e Tomas Beckman, foi um
movimento de Revolta que ocorreu no Maranhão em 1684. Este movimento é de
origem nativista que tinha como objetivo acabar com os problemas do estado
maranhense que passava por uma crise de extrema pobreza. Este movimento
nativista recebeu esta denominação por causa do sobrenome Beckman, originado da
Germânia que em português significa Bequimão.
Pouco
antes da revolta de Beckman, viviam índios no estado do Maranhão, morando em
aldeamentos sendo catequizados por jesuítas, os mesmos aprendiam a doutrina
católica, alguns ofícios e os costumes da cultura européia. Durante as missões,
os jesuítas faziam os índios trabalharem na extração de riquezas da terra
denominadas de drogas do sertão (guaraná, cravo, pimenta e outras), e através
das vendas destes produtos, os padres adquiriam lucros. Também em sua vida
diária nos aldeamentos, os índios trabalhavam nas plantações coletivas para
suprir a necessidade de suas famílias e gerar lucros para a igreja.
Como
os preços dos escravos estavam em alta, os colonos decidiram capturar e
escravizar os índios para utilizá-las como mão-de-obra. Os jesuítas não
aceitavam essa proposta, pois seu objetivo era continuar aculturando e
controlando os indígenas nas missões, pois eles com seu trabalho proporcionavam
muitos benefícios para a igreja. Com isso iniciaram-se os conflitos entre
colonos e jesuítas.
Para
solucionar esse problema, os jesuítas conseguiram durante a União Ibérica (1580-1640),
a edição de normas que proibiam o ataque e a escravização dos indígenas,
livrando-os da exploração dos colonos e que continuassem sendo explorados pelos jesuítas.
Durante
o ano de 1650, a capitania do Maranhão vinha sofrendo grande crise econômica,
provocada pela redução da produção açucareira, onde os senhores de engenhos
sofria com os altos preços dos escravos e a competitividade dos holandeses nas
Antilhas.
Buscando
solucionar a situação econômica maranhense, os colonos organizaram tropas para
invadir os aldeamentos e capturar índios para o trabalho escravo. Essa atitude
fez com que os jesuítas recorressem a Coroa portuguesa, que interveio e acabou
proibindo a escravização dos indígenas aculturados.
Para
estabilizar a crise econômica do estado do Maranhão, a Coroa Portuguesa
instituiu a Companhia de Comércio do Maranhão em 1682, que tinha como objetivo
introduzir na região 500 escravos por ano, durante 20 anos, e fornecerem também
produtos manufaturados da Europa para Maranhão e vice versa.
Não
conseguindo cumprir os seus compromissos a crise econômica aumentou trazendo
grande descontentamento para a região maranhense, dessa forma os comerciantes,
latifundiários e os indígenas foram prejudicados pelo monopólio dessa companhia
de comércio.
Os comerciantes locais
estavam em decadência, os produtos vindo da Europa eram irregulares e seu valor
tinha preço exorbitante. Os latifundiários recebiam pouco lucro em sua produção
e os indígenas se tornaram ilegais nessa região.
Descontentes
com essa situação, os senhores de engenhos maranhenses liderados por Manuel
Beckman, organizaram um movimento para por fim a Companhia de Comércio do
Estado do Maranhão e a influência dos jesuítas sobre os índios, com objetivo de
conseguir da Coroa Portuguesa autorização para escravizar os índios. Esses
conflitos deram inicio as revoltas que foram chamadas de revolta de Beckman.
Em
24 de fevereiro de 1684, aproveitando a viagem do Governador do Estado do Maranhão
Francisco de Sá de Meneses para Belém do Pará, eclodiu a revolta de Beckman
liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, que com seu movimento nativista
destruiu os armazéns da Companhia de Comércio, e as escolas jesuítas foram
invadidas e os mesmos foram expulsos do Maranhão. Também tomaram o corpo da
guarda em São Luís, prenderam oficiais e soldados, além disso, se dirigiram a
residência do capitão-mor Baltasar Fernandes que recebeu voz de prisão imediata
e foi exonerado do cargo, sendo vigiado por sua esposa sentenciada com a função
de carcereira de seu marido.
A
revolta de Beckman se consolidou em 25 de fevereiro de 1684, na Camara
Municipal formada por seis membros, dentre eles os latifundiários, clero e
comerciantes estipulando exigências para o fim da revolta, como a deposição do
governador, do capitão-mor, a extinção de companhia de comércio, e a expulsão dos
jesuítas das terras maranhense dentre outras reivindicações.
Com
essa formação, os emissários da junta foram enviados para Belém do Pará, para
tentar convencer o governador do Maranhão a aceitar suas propostas. Recusada,
pelo governador, Tomás Beckman se dirigiu a Corte em Lisboa, para convencer as
autoridades portuguesas que seu movimento era uma causa justa. O rei de
Portugal não aceitou a atitude dos revoltosos e ordenou voz de prisão para
Tomás Beckman, que voltou para Maranhão para ser julgado junto com os outros revoltosos
do seu movimento.
A
coroa portuguesa enviou um novo governante para o Maranhão, Gomes Freire de
Andrade, que chegou a São Luis, em 15 de Maio de 1685, mandou enforcar Manuel
Beckman e Jorge de Sampaio e outros lideres do movimento foram condenado a
prisão perpetua, mudando a política da metrópole da região e extinguindo a companhia
de comércio e escravização dos índios.
Manuel
Beckman e Jorge Sampaio foram enforcados aproximadamente entre os dias 2 a 10
de Novembro de 1685. Manuel fez uma declaração antes de morrer dizendo: “Morro
feliz pelo povo do Maranhão”.
Considerando os
acontecimentos abordados nesse trabalho a respeito da Revolta de Beckman como
um dos primeiros protestos armado significativo contra as regras econômicas
impostas pela metrópole, concluímos
que Portugal se interessava apenas com o lucro explorado pelo estado do
Maranhão, criando uma companhia de comércio que só favorecia a coroa
portuguesa, deixando a população maranhense numa situação de extrema pobreza,
despertando assim o espírito revolucionário nos colonos, que até então não
tinham intenção de agir contra o governo português, só queriam acabar com as
normas da companhia de comércio já que não traziam nenhum benefício favorável
para a população do Estado do Maranhão.
Nesse
contexto, torna-se relevante enfatizar que assim como a coroa dá suporte para
os jesuítas em suas missões, apoiando a escravidão dos indígenas a favor da igreja
com o discurso de aculturá-los e introduzi-los na religião católica, estas
ações não passavam de uma camuflagem no qual o único objetivo era a exploração
do trabalho indígena para produzir e gerar lucros a igreja.
Dessa
forma, a Revolta de Beckman deixa claro para o governo português que os colonos
em manifesto eram contra a Companhia de Comércio introduzida pela Coroa, e que
para defender seus interesses e sua causa, lutavam para conseguir mudanças que
tirassem a população maranhense da pobreza em que viviam.
Apesar deste movimento ter sido
reprimido pelo Rei de Portugal, essa revolta serviu para mostrar as injustiças
e opressões que Portugal fez com o Estado do Maranhão. Nesse sentido, esse texto
é recomendado a todos os brasileiros que se preocupam com o desenvolvimento do
seu estado e do seu país com pretensão de defender a história como fonte de
conhecimento para ser passado para todos os cidadãos, fornecendo aos mesmos,
subsídios históricos para conhecerem e reconhecerem a história como memória fundamental
na identidade de um povo.
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